quinta-feira, 29 de julho de 2010

Imunologia-Hipersensibilidade

                                                                     HIPERSENSIBILIDADE
                                                                                                                                      Autores:Emanuelle
                                                                                                                                                   Érica
                                                                                                                                                   Mércio

Hipersensibilidades

            A presença de um “corpo estranho” – non self - em um organismo pluricelular evoluído é capaz de desencadear uma resposta imunológica, seja ela mediada por células ou anticorpos. Quando a presença de um antígeno induz uma resposta imune exacerbada, com uma superprodução de anticorpos ou de células de defesa, diz-se que estamos diante de uma reação de Hipersensibilidade imunológica.
         Essas reações podem ser desencadeadas tanto por agentes exógenos – poeira, pólen, comida, drogas, agentes microbiológicos, químicos e outros – quanto por agentes internos – doenças auto-imunes. A resposta imune que pode resultar desses processos pode se expressar de várias formas, indo de simples desconfortos, como coceiras de pele, até doenças fatais, como a asma brônquica.
         As reações de hipersensibilidades são classificadas de acordo com o mecanismo imunológico da doença em:
·        Tipo I: a resposta imune libera substâncias vasoativas e espasmogênicas, que agem nos vasos e nas células musculares lisas, e citicinas pró-inflamatórias que ativam as células inflamatórias;
·        Tipo II: os anticorpos participam diretamente na injúria celular, predispondo-as à fagocitose ou lise;
·        Tipo III: também chamadas de doenças dos imunocomplexos, em que anticorpos se ligam aos antígenos e ativam o sistema complemento – cascata de proteínas capazes de lisar células através da construção de poros na membrana dos invasores. As frações do complemento, então, atraem neutrófilos que destroem o tecido pela liberação de enzimas lisossomais e formação de radicais livres;
·        Tipo IV: causa injúria tecidual pela resposta imune mediada por células, com linfócitos T sensibilizados.
Hipersensibilidade Tipo I (Anafilática)
         É uma reação imune desenvolvida rapidamente, ocorrendo minutos depois da combinação do antígeno com o anticorpo ligado a mastócitos e basófilos em indivíduos previamente sensibilizados por esse antígeno. O principal anticorpo envolvido é a IgE. Pode provocar uma reação sistêmica ou local.
         As reações sistêmicas ocorrem geralmente quando há injeção intravenosa do antígeno com o qual o indivíduo já foi sensibilizado. Em minutos o estado de choque é produzido e pode ser fatal. Já as reações locais dependem da porta de entrada do antígeno. Podem se expressar como um inchaço subcutâneo (alergia da pele), problemas nasais e nas conjuntivas (rinite alérgica, conjuntivite), febre do feno, asma brônquica ou gastroenterite alérgica (alergia a alimentos).
         A reação imune se dá em dois momentos: no primeiro, caracterizado por vaso dilatação, espasmo das células musculares lisas e secreção glandular, ocorre de 5 a 30 minutos após a exposição do antígeno, durando cerca de 1 hora. No segundo, típico da rinite alérgica e asma, ocorre a infiltração de eosinófilos, basófilos, neutrófilos, monócitos e outros, além de destruição tecidual, começando de 2 a 8 horas após a exposição e durando por vários dias.
         Após a apresentação do antígeno pelas células apresentadoras de antígenos aos linfócitos T helper, estes secretam mediadores químicos (interleucinas, fatores de crescimento de colônias) capazes de estimular a síntese de IgE e a sobrevivência de eosinófilos. IgE possuem uma grande tendência de se ligar a mastócitos e basófilos, que possuem seus receptores. Quando um mastócito ou basófilo armado com IgE é re-exposto ao antígeno, há liberação de vários mediadores responsáveis pelos efeitos clínicos dessa reação.

Hipersensibilidade Tipo II

         É mediada por anticorpos diretamente contra antígenos presentes na superfície de células ou outros componentes teciduais. Os determinantes antigênicos podem estar no interior da membrana celular ou estar adsorvido à sua superfície, como metabólitos de drogas. Em qualquer caso, a reação resulta da ligação de anticorpo a antígeno de superfície celular normal ou alterada.
         Pode se dar de 3 formas:
·        Reações dependentes do complemento: a destruição celular pode ocorrer tanto por ação direta do sistema complemento (formação de canais transmembranares nas células invasoras, ocasionando a morte celular), quanto por opsonização (onde as células invasoras se tornam suscetíveis à fagocitose pela fixação do anticorpo ou do fragmento C3b do complemento na superfície celular).
·        Citotoxidade mediada por células dependentes de anticorpo: neste caso não há fixação do sistema complemento, mas há cooperação de leucócitos. As células-alvo, revestidas por pequenas concentrações de IgG, são mortas por toxinas liberadas por uma variedade de células (monócitos, neutrófilos, eosinófilos e outras). Não há fagocitose. Esta reação ocorre quando o alvo é muito grande para ser fagocitado, como por exemplo parasitas, células tumorais e rejeição de transplantes.
·        Disfunção celular mediada por anticorpos: em alguns casos, anticorpos contra receptores de superfície impedem ou desregulam a função, causando injúria celular ou inflamação. Como exemplo tem-se a miastenia grave, em que anticorpos reagem com receptores de acetilcolina nas placas motoras dos músculos esqueléticos, causando fraqueza muscular.

Hipersensibilidade Tipo III (Imunocomplexos)
         É induzida por complexos antígeno-anticorpo que produzem lesão tecidual como resultado de sua capacidade de ativar o sistema complemento. A reação tóxica é iniciada quando o antígeno se liga ao anticorpo, tanto na circulação, quanto em locais extravasculares onde o antígeno possa estar precipitado. Os complexos formados na circulação produzem lesão tecidual principalmente quando ocorrem nas paredes dos vasos ou em estruturas filtrantes, como nos glomérulos renais.
         As doenças mediadas por imunocomplexos podem ser gerais, quando se formam na circulação e depois são depositados em determinados órgãos; ou localizadas, como nos rins, nas articulações ou pequenos vasos, quando os imunocomplexos são formados e depositados localmente (reação local de Arthus).
         A patogênese pode ser dividida em 3 fases: formação do complexo antígeno-anticorpo na circulação; deposição tecidual; e resposta inflamatória local no organismo.
A formação dos imunocomplexos está relacionada a quantidade relativa de anticorpos para cada partícula antigênica. Como cada molécula de anticorpo tem pelo menos dois braços de ligação com o antígeno, um excesso de anticorpo favorece a ligação de vários anticorpos na mesma partícula antigênica. Isso aumenta sua massa, sua carga, sua estrutura tri-dimensional etc, fatores que permitem a precipitação.
Depositado, o imunocomplexos inicia uma reação inflamatória aguda. Durante essa fase, febre, urticária, artralgias, aumento dos linfonodos e proteinúrias começam a surgir. A precipitação ativa o sistema complemento. Entretanto, não se trata de células, e sim de complexos protéicos que não podem ser lisados pelo complemento. O resultado é uma lise das células epiteliais dos capilares onde os complexos estão adsorvidos, levando a hemorragia. Os danos teciduais também ocorrem devido à ação de radicais livres de oxigênio, produzidos por neutrófilos ativados. Os imunocomplexos ainda causam agregação plaquetária e ativam o fator de Hageman, os quais iniciam a formação de microtrombos.

Hipersensibilidade Tipo IV (mediada por células)

         É um tipo de resposta imune exagerada de origem leucocitária, principalmente de monócitos e linfócitos T. Nesta reação há uma superestimulação da quimiotaxia dessas células, fazendo com que haja uma superpopulação de leucócitos em determinada região. Essa estimulação, feita pelas CAA (células apresentadoras de antígenos), torna-se sem controle e o que há é uma contínua atração celular pela expressão de moléculas de adesão e fatores quimiostáticos (como fatores de crescimento).
         Os monócitos ativados sofrem alterações: aumentam de tamanho, aumentam seu metabolismo, aumentam sua capacidade de fagocitar e matar microorganismos, facilitam a apresentação de antígenos, estimulam a proliferação de fibroblastos etc. Portanto, os monócitos ativados (macrófagos) servem para eliminar o antígeno agressor e, se sua ativação persistir, provocam fibrose e necrose tecidual.

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